24/07/2011

Preliminares

"O homem criativo não é um homem comum ao qual se acrescentou algo. Criativo é o homem comum do qual nada se tirou".

Quando li pela primeira vez essa frase do psicólogo americano Abraham Maslow, deu um click no meu cérebro.
Será possível resgatarmos a nossa capacidade criativa?
Sempre acreditei no princípio que todos nós nascemos criativos. Isso faz parte da natureza humana que nos diferenciou e nos fez evoluir.
Porém, organizados em uma sociedade que privilegia o consumo e que massifica as nossas opções, devemos aprender rapidamente a produzir e consumir em escala industrial. Não há espaço, tempo ou recompensas para o desenvolvimento da nossa criatividade.
Uma importante pesquisa comportamental, realizada nos EUA num período de 25 anos por cientistas da Utah University, trata desse assunto.
Oito tipos de testes de criatividade aplicados pelo Dr. Calvin Taylor num universo de aproximadamente mil e seiscentos indivíduos, comprovaram o seguinte:
  • 98% de um grupo de crianças comuns, cuja idade se situava entre três e cinco anos, apresentaram desempenho de criatividade correspondente à genialidade.
  • Mais tarde, 32%do mesmo grupo, entre oito e dez anos, ainda possuíam esse mesmo grau de criatividade.
  • Entre treze e quinze anos apenas 10% das crianças ainda permaneciam "gênios".
  • Finalmente restaram somente 2%dos jovens adultos acima de vinte e cinco anos com essas competências.
Tudo começa nas salas de aula, onde ser criativo às vezes atrapalha o nosso “desenvolvimento”escolar. A dinâmica das aulas normalmente é enfadonha e os conteúdos de ensino e as atividades didático-pedagógicas não deixam espaço para a curiosidade e criatividade infantil.
Criar é viver para uma criança. Não deixa de ser um enorme contrassenso que no auge da nossa capacidade de abstração e criação de brincadeiras sejamos obrigados a ficar presos em uma carteira, sentados por três ou mais horas seguidas.
Esses métodos de agir e aprender nos são apresentados justamente na hora que começamos a ampliar a nossa rede de relações sociais para além do contexto familiar.
Depois, em diversas fases da vida, o desenvolvimento pessoal segue o mesmo padrão. Cada vez mais nos enquadramos em modelos pré-existentes e convenientes às relações sociais.
Com o tempo desaprendemos a desenhar – talvez por isso a maioria dos adultos desenhe como crianças de seis anos, a fazer poemas ou compor (lembra-se como era fácil inventar uma música quando éramos crianças?). Passamos não usar ou pouco usar da criatividade nas situações cotidianas.
Paradoxalmente, esse mesmo sistema social vive um momento de enorme ruptura. Grandes transformações tecnológicas e de valores nos exigem agora que usemos mais e mais da nossa capacidade criativa para nos destacarmos pessoal e profissionalmente. É uma grande revolução que precisamos entender e nos adaptar rapidamente. Uma oportunidade também.
É possível resgatarmos a nossa capacidade criativa?
Esse blog nasce com a pretensão de se transformar em um espaço aberto para a discussão da criatividade.
Seja bem vindo!

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